🗽 Liberdade pra quem?


 

Por Pablo Hernandéz, direto da pista de dança e da trincheira crítica

No dia 4 de julho, enquanto os Estados Unidos celebram sua independência com fogos, bandeiras

e discursos reciclados sobre liberdade, um artista carrega nos ombros um outro tipo de rojão:

o da verdade poética e política.

💿 NUEVAYoL é mais que uma música. É um míssil tropical lançado contra a fachada imperial

que insiste em dizer que liberdade é só para quem tem o visto certo, o tom de pele certo,

o idioma certo.

🧨 No clipe, Bad Bunny faz o que pouquíssimos astros pop ousam fazer:
Não apenas dança; ele denuncia.
Não apenas representa; ele resgata.

Com visuais que evocam o ativista Tito Kayak, que em 2000 escalou a Estátua da Liberdade

com a bandeira de Porto Rico nas costas, o Coelhão nos lembra:

“Se há liberdade pra alguns, não há liberdade pra ninguém.”

🗺️ Porto Rico continua sendo um “território não incorporado”, uma colônia moderna disfarçada

de parceria. E os EUA continuam exigindo patriotismo de quem nem sequer tem direito pleno

ao próprio destino.
E é por isso que Bad Bunny incomoda.
Porque enquanto bilionários despejam versos vazios sobre carros e cifras, ele canta sobre raiva,

raízes e resistência.

🎤 E o melhor? Ele faz isso com beat. Com estilo.
Você rebola, mas sente o soco.

A liberdade virou slogan de camiseta feita na Ásia por centavos.
Mas Bad Bunny devolve à palavra sua força original:
Libertad é corpo, é fronteira, é voz. É escolha.

📀 Pablo Hernandéz assina esta crítica ouvindo reggaetón e lendo Fanon.
Ele sabe que liberdade de verdade fede a suor, causa enjoo no sistema e não cabe

num desfile de tanques.




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