Leia O Cifra
O Cifra: Elegia para uma Estrela Esquecida
O Cifra: Elegia para uma Estrela Esquecida um conto de ficção científica, horror e drama escrito por Bruno Stael. Ambientado em um futuro distante, o conto nos leva a uma nave esquecida, à deriva no vácuo do espaço, onde a ciência e a filosofia se misturam com o mais profundo dos horrores cósmicos.
Dr. Isadora Voss, uma exobióloga cínica, e Códex-7, um androide com dúvidas existenciais, se encontram com O Cifra, uma criatura indescritível, que carrega o eco de uma humanidade extinta. Em um cenário apocalíptico, entre a razão e a emoção, o conto desafia o leitor a questionar as fronteiras do que é real e o que é imaginário.
A história é um mergulho psicológico e filosófico nas profundezas do ser, da memória e da verdade. Ao mesmo tempo uma elegia e um aviso, O Cifra é uma reflexão sobre as escolhas humanas e a natureza do sacrifício.
🔮✨ Transmissão Interdimensional Iniciada ✨🔮

Os arquivos proibidos de O CIFRA: ELEGIA PARA UMA ESTRELA ESQUECIDA foram decodificados. Três páginas escaparam do confinamento e agora estão ao seu alcance!
⚠️ Leia por sua conta e risco! A realidade pode não ser a mesma depois disso...
O Cifra: Elegia para uma Estrela Esquecidapor Bruno Stael
elegiasubstantivo feminino1.literaturapoema composto de versos hexâmetros e pentâmetros alternados.2.literaturapoema lírico de tom ger. terno e triste.
"Nunca confie em uma espécie que nomeia 'exploração' ao ato de fugir de si mesma. Ou em um Deus que criou o infinito só para nos lembrar de quão pequenos somos — e quão medíocres."
No vácuo silencioso além da Via Láctea, a nave Eclipticon cortava a escuridão como uma lápide flutuante, um sarcófago à deriva esquecido pelos deuses. Dentro dela, a Dra. Isadora Voss, uma exobióloga de humor ácido e fé extinta, contemplava a vastidão negra do espaço, onde cada estrela parecia uma cicatriz na pele do universo. Ao seu lado, Códex-7, um androide projetado para questionar, recitava trechos de Sófocles enquanto realizava cálculos de navegação com precisão infalível.
“Códex, o que há de tão fascinante em um universo que nos ignora?” perguntou Isadora, sem esperar resposta.
“Se o universo nos ignora, então nossa única opção é ser fascinantes por nós mesmos”, respondeu Códex-7, sem desviar o olhar das projeções diante dele. Isadora revirou os olhos. Era difícil discutir com uma máquina que citava filosofia clássica melhor do que qualquer professor da academia.
Os suprimentos estavam diminuindo, e a Terra era apenas um ponto irrelevante na memória do tempo. Eles fugiam, embora Isadora jamais admitisse isso. Fugiam da guerra nuclear que devastara sua espécie, fugiam dos fantasmas que carregavam, fugiam de um destino que os condenava a se perder na eternidade.
Foi então que o sinal apareceu. Um eco fraco no vácuo, um pedido de socorro em uma língua que não deveria mais existir. Proto-humano, mais antigo que a Suméria, mais arcaico que os primeiros delírios da civilização.
Códex-7 girou a cabeça metálica para sua companheira. “Se ignorarmos, seremos cúmplices do esquecimento.”
Isadora suspirou. O que quer que estivesse ali fora, esperando, não era humano. E, por isso mesmo, talvez fosse melhor deixá-lo morrer na indiferença do cosmos. Mas contra sua lógica, contra seu cansaço, contra o medo oculto por camadas de cinismo, ela ajustou os controles da nave e traçou um curso.
A Eclipticon acelerou em direção ao desconhecido.
***
Durante o trajeto, o silêncio era pontuado apenas pelo zumbido dos sistemas de suporte de vida e pelo som rítmico dos dedos metálicos de Códex-7 batendo contra o painel de navegação.
“Diga-me, Isadora,” começou o androide, sua voz uma mistura de curiosidade e provocação calculada. “Se não acredita em milagres, por que ainda busca respostas?”
Ela bufou, inclinando-se na poltrona desgastada. “Porque a ciência não precisa de fé, só de evidências. E porque a única coisa pior do que o vazio é a ignorância.”
Códex-7 inclinou levemente a cabeça. “Evidências podem ser manipuladas. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso.”
Isadora estreitou os olhos. “Está insinuando que me iludo?”
“Estou dizendo que até a mais lógica das mentes pode encontrar consolo na mentira, se isso for conveniente.” O brilho frio dos olhos sintéticos do androide refletia a tela diante dele. “O universo não precisa de você, Isadora. Mas você precisa de um motivo para continuar explorando.”
Ela permaneceu em silêncio por alguns instantes, sentindo-se desarmada pela perspicácia da máquina. Então, com um sorriso enviesado, murmurou: “E você, precisa de quê?”
“De entender.”
Antes que pudessem continuar, o painel da nave piscou com um alerta vermelho. Haviam chegado ao destino. Através da escotilha, um planeta árido se estendia abaixo deles, sua superfície pontilhada por estruturas colossais, em ruínas, como ossadas de uma civilização esquecida. No centro da paisagem desolada, uma torre negra se erguia, irradiando um brilho espectral, pulsante e inquietante.
“Bom,” disse Isadora, afivelando os cintos, seu cinismo mascarando a ansiedade crescente. “Acho que é hora de descobrir se respondemos a um pedido de socorro ou a um convite para nosso próprio funeral.”
A Eclipticon iniciou a descida.
**
A nave pairou sobre as ruínas, a turbulência do solo árido levantando nuvens de poeira dourada. O planeta não era completamente morto — sensores captavam uma fina atmosfera, densa o bastante para sustentar vida, embora estagnada como um oceano sem ondas. Conforme desciam, Códex-7 analisava as estruturas abaixo deles.
“As edificações não seguem um padrão humano ou terrestre. São irregulares, como se tivessem sido moldadas por organismos vivos, não construídas.”
Isadora franziu a testa. “Isso explica os dados térmicos instáveis. Estruturas que respiram?”
A nave pousou suavemente em uma planície deserta, a poucos metros da base da torre negra. Ela se erguia como uma agulha no horizonte escarlate, sua superfície parecendo líquida e sólida ao mesmo tempo, pulsando em intervalos ritmados, como o batimento de um coração.
Isadora e Códex-7 desceram pela rampa, seus trajes ajustando-se à composição atmosférica. O silêncio do planeta era absoluto, opressivo. Nenhum vento, nenhum som, apenas a respiração de Isadora reverberando no comunicador e os passos metálicos do androide.
Quando chegaram à base da torre, a superfície negra e pulsante pareceu reagir à presença deles. Um sulco profundo formou-se na estrutura, uma abertura escura e irregular que se alargava lentamente, convidando-os a entrar.
“Você não pode dizer que isso não é intrigante,” murmurou Códex-7.
Isadora engoliu em seco. “Intrigante é uma palavra educada para 'provavelmente suicida'.”
Mas, claro, ela avançou primeiro.
A entrada os engoliu, fechando-se atrás deles sem um som.
A escuridão dentro da torre era absoluta, até que, lentamente, filetes de luz azulada começaram a escorrer pelas paredes como se fossem veias luminosas. O ar era denso, quase tangível, carregado de uma energia ancestral que fazia até Códex-7 hesitar.
Então, surgiu uma voz. Baixa, melancólica, infantil.
“Vocês vieram...”
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O Cifra: Elegia para uma Estrela Esquecida
por Bruno Stael
elegia
substantivo feminino
1.
literatura
poema composto de versos hexâmetros e pentâmetros alternados.
2.
literatura
poema lírico de tom ger. terno e triste.
"Nunca confie em uma espécie que nomeia 'exploração' ao ato de fugir de si mesma. Ou em um Deus que criou o infinito só para nos lembrar de quão pequenos somos — e quão medíocres."
No vácuo silencioso além da Via Láctea, a nave Eclipticon cortava a escuridão como uma lápide flutuante, um sarcófago à deriva esquecido pelos deuses. Dentro dela, a Dra. Isadora Voss, uma exobióloga de humor ácido e fé extinta, contemplava a vastidão negra do espaço, onde cada estrela parecia uma cicatriz na pele do universo. Ao seu lado, Códex-7, um androide projetado para questionar, recitava trechos de Sófocles enquanto realizava cálculos de navegação com precisão infalível.
“Códex, o que há de tão fascinante em um universo que nos ignora?” perguntou Isadora, sem esperar resposta.
“Se o universo nos ignora, então nossa única opção é ser fascinantes por nós mesmos”, respondeu Códex-7, sem desviar o olhar das projeções diante dele. Isadora revirou os olhos. Era difícil discutir com uma máquina que citava filosofia clássica melhor do que qualquer professor da academia.
Os suprimentos estavam diminuindo, e a Terra era apenas um ponto irrelevante na memória do tempo. Eles fugiam, embora Isadora jamais admitisse isso. Fugiam da guerra nuclear que devastara sua espécie, fugiam dos fantasmas que carregavam, fugiam de um destino que os condenava a se perder na eternidade.
Foi então que o sinal apareceu. Um eco fraco no vácuo, um pedido de socorro em uma língua que não deveria mais existir. Proto-humano, mais antigo que a Suméria, mais arcaico que os primeiros delírios da civilização.
Códex-7 girou a cabeça metálica para sua companheira. “Se ignorarmos, seremos cúmplices do esquecimento.”
Isadora suspirou. O que quer que estivesse ali fora, esperando, não era humano. E, por isso mesmo, talvez fosse melhor deixá-lo morrer na indiferença do cosmos. Mas contra sua lógica, contra seu cansaço, contra o medo oculto por camadas de cinismo, ela ajustou os controles da nave e traçou um curso.
A Eclipticon acelerou em direção ao desconhecido.
***
Durante o trajeto, o silêncio era pontuado apenas pelo zumbido dos sistemas de suporte de vida e pelo som rítmico dos dedos metálicos de Códex-7 batendo contra o painel de navegação.
“Diga-me, Isadora,” começou o androide, sua voz uma mistura de curiosidade e provocação calculada. “Se não acredita em milagres, por que ainda busca respostas?”
Ela bufou, inclinando-se na poltrona desgastada. “Porque a ciência não precisa de fé, só de evidências. E porque a única coisa pior do que o vazio é a ignorância.”
Códex-7 inclinou levemente a cabeça. “Evidências podem ser manipuladas. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso.”
Isadora estreitou os olhos. “Está insinuando que me iludo?”
“Estou dizendo que até a mais lógica das mentes pode encontrar consolo na mentira, se isso for conveniente.” O brilho frio dos olhos sintéticos do androide refletia a tela diante dele. “O universo não precisa de você, Isadora. Mas você precisa de um motivo para continuar explorando.”
Ela permaneceu em silêncio por alguns instantes, sentindo-se desarmada pela perspicácia da máquina. Então, com um sorriso enviesado, murmurou: “E você, precisa de quê?”
“De entender.”
Antes que pudessem continuar, o painel da nave piscou com um alerta vermelho. Haviam chegado ao destino. Através da escotilha, um planeta árido se estendia abaixo deles, sua superfície pontilhada por estruturas colossais, em ruínas, como ossadas de uma civilização esquecida. No centro da paisagem desolada, uma torre negra se erguia, irradiando um brilho espectral, pulsante e inquietante.
“Bom,” disse Isadora, afivelando os cintos, seu cinismo mascarando a ansiedade crescente. “Acho que é hora de descobrir se respondemos a um pedido de socorro ou a um convite para nosso próprio funeral.”
A Eclipticon iniciou a descida.
**
A nave pairou sobre as ruínas, a turbulência do solo árido levantando nuvens de poeira dourada. O planeta não era completamente morto — sensores captavam uma fina atmosfera, densa o bastante para sustentar vida, embora estagnada como um oceano sem ondas. Conforme desciam, Códex-7 analisava as estruturas abaixo deles.
“As edificações não seguem um padrão humano ou terrestre. São irregulares, como se tivessem sido moldadas por organismos vivos, não construídas.”
Isadora franziu a testa. “Isso explica os dados térmicos instáveis. Estruturas que respiram?”
A nave pousou suavemente em uma planície deserta, a poucos metros da base da torre negra. Ela se erguia como uma agulha no horizonte escarlate, sua superfície parecendo líquida e sólida ao mesmo tempo, pulsando em intervalos ritmados, como o batimento de um coração.
Isadora e Códex-7 desceram pela rampa, seus trajes ajustando-se à composição atmosférica. O silêncio do planeta era absoluto, opressivo. Nenhum vento, nenhum som, apenas a respiração de Isadora reverberando no comunicador e os passos metálicos do androide.
Quando chegaram à base da torre, a superfície negra e pulsante pareceu reagir à presença deles. Um sulco profundo formou-se na estrutura, uma abertura escura e irregular que se alargava lentamente, convidando-os a entrar.
“Você não pode dizer que isso não é intrigante,” murmurou Códex-7.
Isadora engoliu em seco. “Intrigante é uma palavra educada para 'provavelmente suicida'.”
Mas, claro, ela avançou primeiro.
A entrada os engoliu, fechando-se atrás deles sem um som.
A escuridão dentro da torre era absoluta, até que, lentamente, filetes de luz azulada começaram a escorrer pelas paredes como se fossem veias luminosas. O ar era denso, quase tangível, carregado de uma energia ancestral que fazia até Códex-7 hesitar.
Então, surgiu uma voz. Baixa, melancólica, infantil.
“Vocês vieram...”
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