🐾✨ Os Gatos que Sussurravam aos Deuses: um devaneio egípcio ✨🐾


Há criaturas que não precisam falar. Bastam seus olhos semicerrados, seus passos flutuantes e

a enigmática curva de seus corpos para instaurar um silêncio reverente.
Entre elas, o gato reinou absoluto nas margens férteis do Nilo.

Desde os primeiros tempos, os egípcios enxergaram nos felinos mais do que simples caçadores

de roedores. 

Ali, onde o rio tocava a terra, surgia a percepção de que essas criaturas deslizavam entre o

doméstico e o divino, entre o toque macio e a garra oculta, entre o repouso e o salto súbito.

As deusas felinas do Egito eram muitas — e múltiplas em suas formas e significados:

🦁 Bastet, a mais celebrada, começou como uma leoa ardente, protetora do faraó e guardiã

da ordem cósmica (Ma’at). Com o tempo, transformou-se na deusa-gata dos lares, da fertilidade e

do cuidado maternal.
🦁 Sekhmet, permaneceu leoa, filha do Sol, encarnando a fúria incandescente, a vingança divina

e, paradoxalmente, o dom da cura.
🦁 Tefnut, senhora da umidade e do ar, também trazia o rosto felino, regendo a criação e

os sopros da vida.
🦁 Mehit, Pakhet, Menhit — nomes antigos que dançavam entre guerra, horizonte e deserto,

cada uma portando fragmentos do arquétipo felino, fundindo proteção, selvageria e mistério.

Mas foi o gato doméstico, aquele de patas delicadas e olhar insondável, que ganhou o coração

do Egito. Enquanto as leões rugiam nos mitos, os gatos ronronavam junto aos humanos,

habitando tanto os altares quanto os lares.


Eles eram, ao mesmo tempo, companhia e lembrança viva dos deuses: pequenos deuses

de quatro patas, repousando sob o olhar indulgente das divindades maiores.

Nos grandes festivais de Bubastis, rios de música, dança e vinho celebravam Bastet, e

a devoção tornava-se tangível nas necrópoles felinas, com milhares de gatos mumificados,

adornados e embalados como oferendas eternas.

No Egito Antigo, o sagrado e o cotidiano nunca estiveram distantes — e o gato foi

o fio de seda que unia o visível e o invisível.

🐾✨

Fontes inspiradas no acervo do The Egyptian Museum.


#JornaldoDevaneio #FelinosDivinos

 


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