🕯️ A Nota 10 Que Ecoa Como Grito
Mirtes Renata transforma dor em justiça e recebe nota máxima por TCC
que denuncia o trabalho escravo contemporâneo no Brasil
Na mesma semana em que completou cinco anos da morte brutal e absurda de seu filho Miguel,
Mirtes Renata subiu mais uma escada, desta vez, não de um prédio de luxo,
mas da consciência coletiva.
Na terça-feira (10/06), ela defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso em Direito com o tema:
“Trabalho Escravo Contemporâneo e Direitos Fundamentais:
uma análise da proteção constitucional com foco nas trabalhadoras domésticas.”
Nota: 10 com louvor. Mas essa nota não cabe numa ata.
É grito, denúncia, cicatriz e monumento.
Mirtes era empregada doméstica. Em 2020, durante a pandemia, foi obrigada a trabalhar mesmo
em meio ao luto e ao risco. Seu filho, Miguel, de apenas cinco anos, foi deixado sozinho no
elevador por sua então patroa, Sarí Corte Real, e caiu do 9º andar.
O Brasil inteiro assistiu ao luto de uma mãe negra ser tratado como incômodo.
Mas ela não ficou em silêncio.
Ela ingressou na faculdade de Direito não por sonho, mas por necessidade. “Uma forma de buscar
o conhecimento jurídico para me fortalecer e enfrentar de frente os inúmeros absurdos contra meu
filho, contra mim, contra outras pessoas que, como nós, foram silenciadas ou ignoradas por
esse sistema racista”, escreveu em suas redes.
Seu TCC, mais que um requisito acadêmico, é um documento de resistência.
Um livro de cicatrizes, de lágrimas convertidas em artigo, de revolta transformada em instrumento.
Ela não fala só de Miguel. Fala de Madalena Gordiano, de Sônia Maria, de tantas outras
mulheres negras submetidas a regimes análogos à escravidão em pleno século XXI.
Fala de nós.
Do Brasil que varre a vergonha para debaixo dos tapetes da elite.
Mirtes escreveu:
“Essa nota 10 não é só minha. É de todos e todas que, de forma direta e indireta,
vêm me fortalecendo nessa jornada.”
E nós repetimos:
🌹 Essa conquista é semente, é altar, é espelho, é fogo. É justiça em construção.
Parabéns, Mirtes. Seu nome está gravado nos pergaminhos do Devaneio — e da História.
#JornaldoDevaneio
Comentários
Postar um comentário