📜 Anjos, entre mundos

por Cecília Defresne

Antes que o tempo tivesse nome,
e antes que os homens erigissem templos,
já havia olhos entre as nuvens.

Chamavam-nos de vozes, ventos, sussurros.
Chamavam-nos de fumaça nas encruzilhadas,
de pássaros que não batiam asas,
de estrelas que piscavam quando ninguém mais via.

Depois, vieram os nomes:
Anjos. Arcanjos. Mensageiros. Espíritos de Luz.
Devas, Neteru, Orixás de asas.
E cada povo deu-lhes um som, uma história, uma missão.

Mas o que são, senão pontes entre o invisível e o visível?
Guardam portas que não vemos.
Protegem jornadas que ainda não começamos.
Sopram ideias que juramos ter sido nossas.
E quando o medo escurece tudo,
são a vela acesa num canto da alma.

Eles existem,
não porque sejam vistos,
mas porque são sentidos
como uma brisa que chega sem janela aberta,
ou como o arrepio que aparece quando o coração pressente o divino.

Se você está lendo isso, talvez seja porque um deles quis que você visse.

— Jornal do Devaneio
✨🕊️🌌

#JornaldoDevaneio #CeciliaDefresne #Anjos