🌿 Aine, Senhora das Fadas

📜 23 de Junho – Véspera de São João

Nesta noite em que as fogueiras estalam segredos antigos, uma outra chama desperta; não a cristã,

mas a pagã, ancestral e indomada. É a luz dourada de Aine, a deusa celta das fadas, do prazer e do esplendor.

Nos campos ondulados de Munster, na Irlanda, ainda se conta que ela cavalga como uma égua ruiva

sobre as colinas, veloz e luminosa. Espalha calor, fertilidade e amor. E permaneceu mesmo depois

que a Igreja tentou apagá-la, transformando-a em mito, reduzindo-a à lenda de Rainha das Fadas.

Mas Aine sobreviveu.
Ela sempre sobrevive.

Hoje, véspera de São João, data em que os encantamentos dançam soltos e as ervas gritam

suas propriedades no ápice, os celtas acendiam tochas e passavam-nas por cima de plantações

e animais. 

A proteção não vinha apenas do fogo, mas da confiança. Era um pacto com a natureza,

com a força suave e inabalável de Aine.

🌸 Vista-se de verde, acenda uma vela, ofereça vinho e perfume às fadas. Aine responde à ternura,

à coragem delicada e à voz dos que ainda se atrevem a sonhar com amor, mesmo num mundo de cinismo.

Ela é também a deusa da ação amorosa. Dizem que ajuda aqueles perdidos nas florestas.

Basta bater três vezes numa árvore de flores brancas e chamá-la com o coração sincero.

Sua resposta nem sempre vem em palavras. Às vezes, é um sonho. Outras, uma brisa quente.

Às vezes, um “sim” escrito no modo como uma flor se abre.

✨ Aine não promete sucesso imediato. Mas promete coragem.
Coragem para seguir, mesmo quando se falha.
Coragem para desejar, mesmo depois da dor.
Coragem para viver sua missão, mesmo quando o mundo tenta calar.

Ela sussurra às mulheres: “Você tem força. Mas não precisa ferir para prová-la.”
Ela canta aos homens: “A verdadeira virilidade acolhe, protege e floresce.”

🌕 O Jornal do Devaneio ergue um brinde às antigas deusas não canonizadas.

Àquelas que foram expulsas dos livros, mas ainda vivem nas flores silvestres, nos corpos inteiros,

nas vontades teimosas.

Arrisque-se. Deseje. Coloque o desejo em movimento.
Aine caminha com quem se atreve a confiar no coração.