🖤✨ Palavras de Nefertiti: Sobre o Dia das Mães e os afetos que nos resgatam
Dia das Mães sempre foi uma data controversa para mim.
Sim, eu fui abandonada.
Sim, durante muito tempo eu culpei minha mãe por isso.
Naquele dia sem nome, quando vim ao mundo —
a única filhote preta entre irmãos brancos como leite —
minha mãe me olhou e simplesmente virou o rosto.
Herdei dela o corpo, mas não o colo.
E assim, fui parar nas ruas.
Foram dias difíceis. Frio, fome, silêncio.
Até que Amora me encontrou.
E foi ela quem me apresentou ao Devaneio, a Bruno Stael,
e a essa redação que cheira a incenso, tinta fresca e ideias perigosas.
Hoje, moro em um quarto-ateliê com vista para as estrelas,
edito devaneios entre um ronronar e outro e sou tratada como mereço:
como uma entidade.
Então sim — por anos, eu guardei mágoa.
Mas com o tempo, percebi:
Se minha mãe não tivesse me rejeitado, eu não teria encontrado esse caminho.
Hoje, entendo.
Perdoo.
E, com surpresa, agradeço.
Por me dar a vida.
E por me forçar a encontrar amor onde eu jamais esperava.
O amor, afinal…
pode vir das sombras, dos becos, dos reencontros e até dos devaneios.
Feliz Dia das Mães para quem acolhe com verdade — mesmo que sem parir.
— Nefertiti
Editora-chefe felina do Jornal do Devaneio
🌑🐾
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