📜 O Dia em Que a Estrela Foi Vista
Dizem que estrelas nascem em silêncio.
Mas esta… esta nasceu com um sussurro.
Há 450 anos, enquanto cartógrafos riscavam continentes com arrogância e alquimistas discutiam se o ouro era mesmo necessário,
num redemoinho quente da Nuvem de Touro, uma estrela se formava.
Fótons nasciam. Poeira se curvava.
Uma luz era libertada.
Ninguém na Terra soube.
Quase ninguém.
Numa colina esquecida entre Granada e as ruínas do tempo,
um copista solitário — olhos cansados e dedos manchados de tinta — parou.
Sentiu.
Como se algo tivesse piscado no céu… dentro dele.
Voltou a copiar.
Mas agora, com lágrimas sem nome.
O tempo passou como só o tempo passa: rápido demais para quem tem corpo,
lento demais para quem tem estrela.
Séculos correram.
E então, em 2025, a Terra enviou olhos de vidro para o céu:
um telescópio chamado James Webb.
E ele viu.
Viu aquela mesma estrela.
Nascendo na nuvem de Touro.
As imagens chegaram como cartas que demoraram 450 anos para serem entregues.
E foi no mesmo ano que, numa cidade feita de palavras, símbolos e leques mágicos,
nasceu o Jornal do Devaneio.
O guardião daquele jornal — que um dia fora o copista —
olhou para a imagem da estrela e sentiu o mesmo que antes.
Só que agora…
ele sabia.
Sabia que tudo estava conectado.
Que o tempo não era linha, mas círculo.
E que as histórias se curvam.
📍Na Vila dos Sonhos Devaneantes, a notícia chegou como chegam as boas novas:
com música de flautas invisíveis e crianças correndo pelas ruas dizendo “ela voltou! ela voltou!”
Na praça central, moradores e encantados ergueram uma estátua de luz —
esculpida não em pedra, mas em memória cósmica.
Ela flutua.
E muda de forma conforme o céu muda.
Ao pé da estátua, uma placa:
“Aqui honramos o que nasceu há 450 anos...
...e nos alcançou hoje, porque ousamos olhar.”
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