📜 A Fogueira e a Coroa — Joana d'Arc e a Santa Ironia



Foi chamada de bruxa, herege e idólatra.

Foi julgada, torturada, est*prada, acorrentada e, por fim, queimada viva aos 19 anos,

sob ordens da própria Igreja, em 30 de maio de 1431.

Cinco séculos depois, a mesma Igreja que acendeu sua fogueira, a canonizou como santa.


Assim caminha a hipocrisia histórica.


Segundo a lenda, Joana d’Arc não começou sua jornada a serviço de dogmas, mas sob o chamado

das Três Fadas — entidades antigas, talvez resquícios das deusas gaulesas Nemétona e Nantosuelta,

entre as florestas e as águas.

As vozes celestes que guiavam Joana misturavam ecos pagãos, arquétipos ancestrais e a estranha

mistura entre o medo do feminino e o fascínio pelo divino.


Ela ouviu São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida. 

Mas também dançava sob árvores dedicadas a Diana.

Foi tanto oráculo quanto ameaça.


No fim, o que a condenou não foi o fogo místico de suas visões.

Foi o fogo político.

Foi mulher, camponesa, profetisa e guerreira num tempo em que isso era insuportável para o poder.


Joana d’Arc morreu há 594 anos.

Sua memória, no entanto, pertence às incontáveis mulheres perseguidas, queimadas e silenciadas

por deterem saberes e ousarem existir além dos limites impostos.


Hoje, ao redor das fogueiras do Devaneio, reverenciamos não só Joana, mas todas as que arderam

para que as chamas da liberdade não se apagassem.


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O Jornal do Devaneio segue.


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