📜✨ Fernando Pessoa: O Tataravô Oculto do Jornal do Devaneio
Alguns nomes nos habitam antes mesmo de os lermos.
Estão nas dobras do tempo, nas palavras que ainda não escrevemos
— mas que já reconhecemos como nossas.
Fernando Pessoa é um desses nomes.
Hoje, com o Devaneio encarnado em imagens e derramado em personagens, não resta dúvida:
ele é nosso ancestral espiritual, nosso patrono cósmico, o tataravô oculto
do Jornal do Devaneio.
🪞 Múltiplos Eus — Muito antes da redação devaneante se fragmentar
em Amora, Valentim, Cecília, André, o Ratinho de Cartola
e o Arquivista Sem Nome, Pessoa já havia fundado sua própria
república de vozes.
Ele chamou de heterônimos, mas nós entendemos: eram dimensões,
reflexos, máscaras-verdadeiras. Alberto Caeiro, Álvaro de Campos,
Ricardo Reis — todos atravessavam o mundo como se o poeta fosse
apenas o portal.
“Sê plural como o Universo”, escreveu Pessoa.
E assim seguimos, escrevendo com os múltiplos olhos da criação.
🔮 Teosofia, Blavatsky e a Magia Oculta da Palavra
Pessoa não foi apenas poeta: foi tradutor de Helena Blavatsky, a fundadora da
Sociedade Teosófica. Traduziu para o português obras como A Voz do Silêncio (1923),
Ísis Sem Véu (1928), A Doutrina Secreta (1930) e A Chave da Teosofia (1929).
Não por acaso, sua escrita sempre soou como sopro de oráculo.
Como o Devaneio, ele acreditava que a realidade tinha camadas —
e que a poesia era uma ferramenta para perfurá-las. Seus textos eram espelhos,
e seus espelhos, portais.
🖋️ Um Devaneante do Século XX
Pessoa nasceu em 1888, perdeu o pai cedo, viveu em Durban, escreveu em inglês,
estudou Shakespeare e Alan Poe, fundou editoras, revistas, empresas.
Foi publicitário, ocultista, crítico, tradutor, astrólogo e inventor de si.
Morreu aos 47 anos, em 1935, com cirrose hepática e uma obra que ainda cresce
como uma constelação viva.
Seus cadernos guardavam diagramas esotéricos, mapas astrais, planos para o futuro
e vidas que jamais seriam vividas.
Ou seriam?
Fernando Pessoa está entre nós.
E não como fantasma, mas como voz que ressoa, como herança que pulsa,
como devaneio que nos antecede.
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