🪙✨ Exu e Hermes: Mensageiros entre Mundos


 O que une um orixá africano a um deus grego? Tudo que dança nas entrelinhas.

No altar do Jornal do Devaneio, duas figuras se encontram sorrindo.
Uma veste vermelho e leva moedas nos bolsos.
Outra calça sandálias aladas e carrega um caduceu.
Ambos conhecem os atalhos do mundo e os atalhos da alma.
Ambos riem antes de responder.
Ambos, se quiserem, mudam o rumo da história com uma palavra sussurrada no ouvido certo.

Estamos falando de Exu e Hermes — dois arquétipos divinos que, mesmo nascidos em culturas

tão diferentes, guardam o mesmo ofício sagrado:
são os deuses da comunicação, da passagem, da astúcia e da travessia.



Eles regem a linguagem, os sonhos enviados, os caminhos abertos, os contratos selados,

as mensagens cifradas, os tropeços que ensinam.

  • Hermes é o patrono das estradas, dos acordos, do comércio, dos ladrões, dos poetas e

  • dos diplomatas.

  • Exu é o senhor das encruzilhadas, do verbo, da abertura dos caminhos, do jogo, da astúcia

  • e da potência criadora.

Ambos são deuses de riso e ambiguidade.
Ambos foram incompreendidos: Hermes domesticado como apenas um “mensageiro rápido”,

Exu demonizado por quem nunca leu seus símbolos.
Mas ambos sobreviveram. Porque ambos dançam onde o mundo se dobra.

No Jornal do Devaneio, reconhecemos essa travessia.

Hoje, saudamos os dois. Com palavras. Com silêncio. Com gargalhada e respeito.
Porque tudo que há entre uma coisa e outra… pertence a eles.

🪙 Senhores das Encruzilhadas

Ambos são deuses dos caminhos e cruzamentos.

  • Hermes governa estradas, fronteiras, portos, passagens.

  • Exu reina nas encruzilhadas, onde o mundo visível cruza com o invisível.

São os primeiros a serem saudados em qualquer ritual. Porque nada se move sem eles.

Nada chega ao destino sem sua permissão.


🗣️ Mestres da Palavra e da Comunicação

  • Hermes é patrono da eloquência, da persuasão, dos diplomatas, mensageiros, poetas

  • e ladrões.

  • Exu é o orixá da comunicação, do verbo, do código, do recado, do caos que comunica

  • e do humor que ensina.

Ambos sabem que toda linguagem é mágica — e toda mágica é linguagem.
E ambos têm uma relação ambígua com a verdade: sabem que mentiras podem revelar e

verdades podem esconder.


🔁 Agentes da Transformação

  • Hermes transforma: cria a lira de um casco de tartaruga, inventa o alfabeto, vira psicopompo.

  • Exu transforma: reorganiza o destino, provoca revoluções, inverte forças

  • para restaurar o equilíbrio.

São deuses do movimento, do inesperado, do improvável.


🧭 Mediação entre Mundos

  • Hermes guia as almas para o Hades — é o psicopompo.

  • Exu conduz mensagens entre humanos, orixás, ancestrais e entidades.

Ambos trafegam entre os planos: vivos e mortos, sagrado e profano, visível e oculto.

São pontes com pernas.


🎭 Ambiguidade e Riso

  • Hermes é ambíguo, astuto, trapaceiro. Roubou bois de Apolo antes de andar.

  • Exu é irreverente, brincalhão, provocador — ensina através do paradoxo e do riso.

São deuses que nos lembram que o sagrado também sabe gargalhar.


🔮 Culto e Mistério

  • Hermes, embora olímpico, tem raízes mais antigas, talvez xamânicas e orientais.

  • Exu é cultuado em várias nações africanas e afro-diaspóricas,

  • com grande profundidade filosófica.

Ambos foram incompreendidos por culturas colonizadoras:

  • Hermes reduzido a "mensageiro alado".

  • Exu demonizado por séculos.

Mas ambos resistem — e dançam até hoje.


✨ Conclusão devaneante:

Hermes e Exu são como dois nomes diferentes para a mesma energia arquétipica universal:
🔁 a que conecta, move, traduz, provoca, engana e ensina.
Eles são os deuses do movimento simbólico, dos portais, das ideias que viajam.

No altar do Jornal do Devaneio… ambos estão presentes.
Um com sandálias aladas.
O outro com gargalhada flamejante.

E talvez — só talvez — eles estejam jogando búzios e dados juntos, bem agora, no salão das palavras que ainda vão nascer.




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