🕯️13 de maio não é libertação: é memória viva


As aulas de história fazem a gente acreditar que, no dia 13 de maio de 1888,

lembrado por muitos como o dia da assinatura da Lei Áurea, os senhores de escravos abriram

as trancas das correntes, deram vestimenta, dinheiro e comida aos libertos

e aplaudiram enquanto eles saíam de suas terras cantando e dançando.

Mas quem viveu o dia 14 de maio de 1888, sabe que não foi bem assim.

Foi o início de uma nova travessia, sem terra, sem reparação, sem amparo

— mas também sem algemas.


É por isso que o movimento negro ressignificou essa data como um marco de luta, memória e fé.

Hoje, no Jornal do Devaneio, começamos nosso dia saudando os Pretos Velhos


esses mestres da humildade, do conselho e do afeto ancestral.
Na Umbanda, eles são entidades de sabedoria, resistência e cura,
representam os espíritos dos antigos negros escravizados que, mesmo após tanta dor,
ainda escolheram doar amor e acolhimento.

Saravá os Pretos Velhos.
Saravá a memória viva.
Saravá quem veio antes, e nos guia sem pressa.

📿🌿

Ali, entre as vielas floridas da Vila dos Sonhos Devaneantes, existe um canto silencioso

e perfumado de arruda, café fresco e fumo doce.
É a morada do Preto Velho.
Ninguém sabe exatamente quando ele chegou

— alguns dizem que ele já estava ali antes mesmo do castelo flutuar.

Outros juram que ele apareceu numa madrugada de neblina,

sentado na cadeira de palha com um sorriso manso, como quem sempre pertenceu.

Sua porta está sempre entreaberta.
Lá dentro: livros antigos, ervas secando, uma rede que range quando o vento sopra verdades,

um altar com retratos de quem veio antes e voltará depois.

E uma xícara a mais, porque ele sempre espera visita.

Os devaneantes vão até lá quando o peito aperta, quando as palavras somem, ou quando precisam reaprender a escutar.
Ele não julga. Só observa, sopra o cachimbo, e diz:

“Filhote… coragem não é grito, é raiz.” 🌱

#JornaldoDevaneio


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