Tiradentes sonhou. O sistema enforcou. Depois canonizou.


 🗡️ 21 de Abril de 2025 🗡️

Hoje, no silêncio estranho de um feriado, o Brasil para para lembrar de um homem que o próprio Estado matou —
e depois canonizou como herói.

Tiradentes.
Joaquim José da Silva Xavier.
Dentista, tropeiro, minerador, soldado, rebelde.

Morto em 1792, porque ousou sonhar que sua terra fosse livre do jugo.
Esquecido, esquartejado, seu corpo exposto como aviso: "Não ousem sonhar."

Décadas (e impérios e repúblicas) depois, o mesmo sistema que o enforcou decidiu pintá-lo como santo laico: barba de Jesus, olhar perdido no infinito, mártir cívico conveniente.


Talvez porque toda máquina de poder precise, em algum momento, de mitos para se redimir dos próprios crimes.

Tiradentes não morreu para ser ícone.
Não morreu para ser logomarca de batalhão ou enfeite de feriado.

Morreu porque sonhava — e sonhar, para certas engrenagens, é crime.

Hoje, o Jornal do Devaneio ergue sua caneta como quem ergue uma espada invisível:
Para lembrar que cada feriado encerra uma história.
E que nem toda homenagem é reparação.
Às vezes, é apenas maquiagem.

🌒 Em nome de Tiradentes — e de todos os sonhadores enforcados pela história — reafirmamos:
A imaginação ainda é o maior ato de insubmissão.

A Liberdade ainda é, e sempre será, um Devaneio perigoso.

Hoje, a história tenta dourar o que antes tentou silenciar. Mas os devaneios seguem — livres, perigosos, vivos.

Com as tintas da lembrança e o peso suave da crítica,
— A Redação do Jornal do Devaneio


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