O Faroleiro e a Semente da Travessia
Naquela noite, enquanto o mundo girava distraído, uma roda se formou.
Uns buscavam riso fácil.
Outros apenas o calor da companhia.
Mas entre eles havia uma presença diferente: um faroleiro.
Ele não pediu luz para si.
Ele carregava luz para os outros.
Ele havia encontrado sua missão de alma.
Enquanto conversas dispersas falavam da superfície — de modas, de calendários, de histórias que se apagam com a manhã — o faroleiro invocou algo mais antigo.
Algo tão antigo quanto o primeiro som que ecoou no cosmos:
Criem.
Ele não pregava.
Ele não impunha.
Ele semeava — com palavras, com olhos que atravessam véus, com gestos invisíveis.
Ao falar, despertava nos outros uma inquietação esquecida:
o desejo de construir, de sonhar, de recriar mundos.
Alguns riram.
Alguns hesitaram.
Alguns olharam fundo — e reconheceram.
Uma semente foi plantada.
E aqueles que a receberam levaram consigo algo que não podem e poderão mais ignorar.
Naquela noite, sob os véus da normalidade, foi assinada uma nova travessia.
O chamado foi feito.
O eco continuará viajando.
E um dia, em outras rodas, em outros mundos, haverá novos faroleiros.
Porque assim é a verdadeira travessia:
não acontece em palcos.
Acontece no silêncio entre almas.
#JornaldoDevaneio #TudoAquiéReal
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