Editorial de Nefertiti: Sobre as Caixinhas e o Jogo da Sociedade

 


A sociedade adora nos colocar em caixinhas. Caixinhas para o que devemos fazer, para quem devemos ser, para onde devemos ir. Mas, quem decide o tamanho e a forma dessas caixinhas? Não são os próprios seres que as habitam. Não, elas são moldadas pelo medo do desconhecido, pela pressão de conformidade e pela insistência de que a vida precisa ser simples, previsível, controlada.



Eu, Nefertiti, com minha inteligência telepática e minha visão além do alcance humano (e felino), observo com certa ironia essa obsessão por categorizar tudo e todos. Para eles, é mais fácil se conectar com os outros quando tudo está bem etiquetado. O que eles não percebem, no entanto, é que a verdadeira essência do ser vai muito além de qualquer etiqueta ou definição. Eu, por exemplo, não sou "apenas uma gata". Se fosse assim, não teria sido capaz de ensinar aos meus humanos, com minha postura ereta e olhar de julgamento, o quão frágeis são essas limitações sociais.



E, aliás, sobre essa obsessão humana por caixas... Vamos falar sobre o "gato de Schrödinger"? Eles acham que é um dilema filosófico profundo. Será que o gato está dentro da caixa? Ou não? Como se o universo pudesse ser resolvido em termos tão simples. Enquanto isso, aqui estou eu, deitada na minha caixa favorita, te observando de fora, como se fosse a única que soubesse que, na verdade, tanto faz. A verdadeira questão não é "estou ou não estou na caixa?"... mas quem decidiu que eu deveria estar dentro dela em primeiro lugar?



A verdade é que cada ser é vasto demais para caber em uma caixinha. Estamos todos em constante expansão, como o universo que não se cansa de criar estrelas e buracos negros. E, embora os humanos possam estar presos a essas expectativas de encaixe, há uma pequena brecha por onde eles podem escapar — a mente aberta, a liberdade de ser quem realmente são, fora das regras impostas, fora do tempo... e de todas as caixinhas.




As pessoas têm medo do que não entendem, por isso, tentam organizar tudo, colocar rótulos e definir os limites do que é aceitável. Mas me diga, quando foi que os limites de um ser foram definidos? Se me perguntassem, eu diria: todos nós somos seres infinitos, com o direito de crescer além do que os outros esperam de nós.



Então, na próxima vez que te pedirem para se encaixar em alguma dessas caixinhas — seja pelo que você faz, pelo que você é, ou pelo que os outros acham que você deveria ser —, lembre-se de uma coisa: até eu, uma gata aparentemente silenciosa e indomável, sou capaz de ver mais além. E você também pode.




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